1 de 1
1962 o brasil é bi
(cód. magazineluiza.com dc41jg66b1)
R$ 79,99
no PixVendido e entregue por
R$ 79,99 no Pix
Informações do Produto
“Amarildo, Amarildo, Amarildo, Amarildo...”, gritava de forma efusiva o narrador Geraldo José de Almeida, da Rádio Record. Amarildo, jogador do Botafogo, foi o escolhido pelo técnico Aymoré Moreira para a dura e praticamente impossível missão de substituir o Rei Pelé, que se machucou no segundo jogo da Copa de 1962. A contusão foi o drama do mundial. Na partida seguinte, contra a Espanha, o “Possesso”, como o chamou Nelson Rodrigues, marcou os gols que garantiram a classificação da seleção para as quartas de final. Foi um sufoco, mas a equipe nacional estava viva na disputa pelo título.Ninguém imaginava que o caminho do Brasil em campos chilenos seria tão acidentado. A seleção canarinho nunca tinha chegado a um mundial com tanta confi ança. E não era para menos! Depois de assombrar o mundo em 1958, os craques, praticamente os mesmos, estavam prontos para repetir a façanha da Itália, que em 1934 e 1938 conquistou o bicampeonato. Entretanto, a Copa é assim: não existe facilidade.Desde que comecei a pesquisar sobre a história dos mundiais, aos 13 anos, o que me chamava atenção na Copa de 1962 era o formato da trave do Estádio Sausalito, em Viña del Mar, e também do Nacional, em Santiago: um arco segurava a rede. Parecia futebol de botão! Outra cena inesquecível foi quando um cachorro invadiu o campo e driblou nada mais nada menos do que Garrincha, no jogo contra a Inglaterra! Talvez tenha sido o único drible sofrido por Mané em toda carreira.Quando se diz que Garrincha jogou por ele e por Pelé em 1962, não é nenhum exagero. O ponta que assombrou o mundo em 1958 foi melhor ainda quatro anos depois: fez gol de cabeça e até com o pé esquerdo. Um destaque negativo foi quando Mané acabou expulso de campo contra o Chile, na semifi nal. Como não havia cartões amarelo e vermelho, Garrincha seria julgado por um tribunal da FIFA que decidiria se ele poderia ou não jogar na partida seguinte, simplesmente a decisão da Copa. Paulo Machado de Carvalho, o “Marechal da Vitória”, mexeu os pauzinhos e fez o bandeirinha uruguaio, Esteban Marino, desaparecer de Santiago e não relatar o que Mané tinha feito contra um adversário. Aquela artimanha o garantiu na fi nalíssima. O incidente envolveu até o então primeiro-ministro Tancredo Neves, pois o sistema político do Brasil era o parlamentarismo.Nas pesquisas para este livro, os jornais da época desmentem a versão de que Vicente Feola, técnico campeão de 1958, não comandou a seleção brasileira em 1962 porque fi- cou doente. Não foi bem assim. No fi m de 1960, o técnico aceitou um convite para treinar o Boca Juniors, da Argentina, e deixou a equipe nacional. Para seu lugar, veio Aymoré Moreira. No entanto, Feola rompeu o contrato com o clube argentino depois de oito meses e voltou à seleção como coordenador técnico. Ele fi cou doente durante a fase preparatória, já em 1962, e os médicos o proibiram de viajar com o grupo. De qualquer forma, Vicente Feola não seria o comandante do escrete nacional.Assim como em 1958, a população brasileira acompanhou os jogos da Copa ao vivo pelo rádio. Mas, ao contrário dos mundiais anteriores, havia uma novidade: o videoteipe. A torcida poderia assistir às partidas com um ou dois dias de atraso, confortavelmente na sala de casa. Felizmente, dos seis jogos do Brasil na Copa, cinco foram preservados na íntegra.