Livro - O DIÁRIO DE ANTÔNIO MARIA
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Escrevendo estas notas, tenho que tomar um constate cuidado para não posar para elas. Seria péssimo fazer ou deixar de fazer alguma coisa, pensando no que escreveria mais tarde. O ideal seria registrar o que me aconteceu na véspera e, logo depois, esquecer que estou escrevendo um diário. Outro erro em que não quero cair: o da preocupação literária. Não quero escrever bonito. Não estou visando o público nem qualquer leitor isolado. Estou escrevendo simplesmente. De março até abril de 1957, Antonio Maria manteve um diário no qual registrava suas impressões, sentimentos e reflexões, nunca deixando de lado a autocrítica e a ironia. O conteúdo de O DIÁRIO DE ANTONIO MARIA, escrito com a liberdade dos que não têm prazos, traz alguns dos melhores momentos do cronista pernambucano, organizados pelo jornalista Joaquim Ferreira dos Santos. Um registro emocionante da intimidade do autor do clássico Ninguém me ama. "Senti que tínhamos um tesouro," explica Joaquim Ferreira dos Santos, "que abrimos a mesinha de cabeceira de um dos grandes da literatura brasileira e ele havia deixado uma surpresa inestimável para todos". Os textos contidos no diário apresentam um Maria no auge, tanto no campo profissional quanto no sentimental: produzia para o rádio e TV, e ainda arrumava tempo para uma vida amorosa agitada. Entre as conquistas mais famosas está Danuza Leão, um ícone de beleza e inteligência carioca na década de 1960. O DIÁRIO DE ANTONIO MARIA mostra, além de um estilo raro na literatura brasileira, que a sensibilidade de Antonio Maria em crônicas e canções conhecidas pela dor de cotovelo, a fossa e a paixão mais eloqüente, era uma manifestação sincera de um homem que entregou sua vida a amar as mulheres e tentar compreendê-las. Antonio Maria antecipou um tipo de colunismo que mais tarde seria consolidado por Zózimo Barroso do Amaral e hoje tem dezenas de seguidores. Na verdade, ele fazia um jornal dentro do jornal. Notas políticas, observações colhidas nas ruas, showbiz, fofoca. Além de tudo, Maria parecia mais do que nunca mergulhado em suas perplexidades e solidão. Tudo o que um escritor precisa para produzir um clássico sensível como O DIÁRIO DE ANTONIO MARIA. "Eu era um garoto, ainda, amava os Beatles, os Rolling Stones, mas minha mãe comprava O Jornal, e eu já lançava meu olho comprido não só no estilo de Maria, mas também nas vedetes que ilustravam a coluna", relembra Joaquim. O DIÁRIO DE ANTONIO MARIA é um strip-tease existencial. Nunca um escritor brasileiro desse porte mostrou-se de tal maneira aos leitores. Um mergulho profundo nos conflitos de um homem sedutor, talentoso, com mulheres lindas aos seus pés, mas sempre devorado por uma profunda solidão, uma enorme carência afetiva. Uma das prosas mais requintadas da literatura brasileira vem a público pela primeira vez. Joaquim Ferreira dos Santos nasceu no Rio de Janeiro. É jornalista. Trabalhou em Veja, O Dia e colabora com as principais publicações nacionais. Atualmente é repórter e cronista do Jornal do Brasil. Publicou dois livros: Antônio Maria - noites de Copacabana, dentro da coleção Perfis do Rio, e Feliz 1958: o ano que não devia terminar.

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