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Livro - O que é que a baiana tem? - Dorival Caymmi na era do rádio
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Em O que é que a baiana tem? – Dorival Caymmi na Era do Rádio, Stella Caymmi realiza uma esclarecedora análise crítica desse período, nas perspectivas da música popular brasileira, em geral, e, particularmente, do próprio Caymmi. A partir de mais de 70 entrevistas com o avô e minuciosa pesquisa, a autora revela a ascensão meteórica de Dorival deste sua chegada no Rio de Janeiro, em 1938. Em poucos meses de atividade no meio musical carioca, ele se tornou famoso como autor do samba que dá título ao livro. “A ideia inspiradora deste trabalho foi fazer uma seleção crítica de temas importantes e centrais a partir dos depoimentos de Caymmi, sobretudo os que acarretaram tensões e dificuldades na sua carreira, que pudessem revelar algumas das suas características fundamentais e iluminar um pouco mais aquela fase”, afirma a autora. A canção O que é que a baiana tem? foi lançada pela estrelíssima Carmen Miranda no cinema, no rádio e no disco. A partir deste sucesso, Dorival ganhou o reconhecimento de seu valor como cantor, por suas atuações nas Rádios Tupi, Transmissora, Nacional e Mayrink Veiga. A importância de Caymmi na carreira de Carmen, seu convívio com os colegas de profissão, além dos conflitos entre artistas, emissoras, gravadoras e imprensa são analisados pela autora. Também ganham destaque neste rico recorte da carreira de Caymmi, a influência dos intelectuais de esquerda, como Jorge Amado e dos grupos do empresário Carlos Guinle e dos compositores envolvidos na luta pelo direito autoral. Eles aparecem como peças importantes na formação do artista, que teve o auge da sua carreira, justamente, durante este rico período da história cultural brasileira. “Caymmi serve aqui de personagem modelar e, ao mesmo tempo, um guia pelos meandros do período. Isso não quer dizer que as carreiras ou as oportunidades se equivalessem (...), mas o objetivo deste trabalho é dar uma amostragem das ‘regras do jogo’”, diz Stella. A música popular brasileira, depois de longo período de formação, marcado pelo surgimento da modinha e do lundu, passa, no fim da década de 1920, por uma fase de consolidação em que, com seus gêneros básicos – o samba, o choro e a marchinha – cristalizados, adquire personalidade própria e integra-se à realidade do século XX. Contribui para o sucesso dessa fase, conhecida como Época de Ouro, a entrada em cena de uma extraordinária geração de cantores, compositores e músicos, ao mesmo tempo em que chegam aqui a gravação eletromagnética do som, o rádio e o cinema falado. Assim, por uma feliz coincidência, a obra desses artistas é a primeira no Brasil a desfrutar do privilégio de ser registrada e difundida por essas novidades tecnológicas.