Livro - Sempre seu, Oscar
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Por tudo o que fez, viveu e sofreu, o irlandês Oscar Wilde (1854-1900) pode ser considerado o grande nome da literatura de língua inglesa do século XIX – ou pelo menos aquele que mais luzes lançou tanto sobre sua obra quanto sobre sua vida. Afinal, para ele, vida e obra acabavam se confundindo e o confundindo a tal ponto que, certa vez, anotou: “Eu escrevia quando ainda não conhecia a vida. Agora que sei seu significado, nada mais tenho a escrever. A vida não é para ser descrita. A vida deve apenas ser vivida.” Apesar de forte, um dos vários aforismas que fizeram sua fama nos salões elegantes e letrados de Londres, esta frase encerra uma inverdade – Wilde nunca deixou de escrever, mesmo quando os tempos de fausto e sucesso de trabalhos como A importância de ser prudente, O leque de Lady Windermere e O retrato de Dorian Gray já pareciam bem distantes, quase pertencentes a uma outra existência. Este Sempre seu, Oscar, com uma seleção de cartas nunca antes publicadas em livro no Brasil, mostra justamente isso. Oscar Wilde jamais deixou a pena de lado, mesmo depois de ter saído do paraíso onde se colocou graças à sua arte à sua personalidade e, qual um anjo caído, ter despencado aos infernos das masmorras inglesas envolvido no processo que se seguiu ao seu escandaloso – para a época – romance com Lord Alfred Douglas. Escrever, para ele, era a melhor, a mais bem acabada forma de expressão. E as cartas deste livro são uma comprovação de como ele sabia e queria se expressar bem. Cobrindo pouco mais de uma década do período final de sua vida – de 1890 a 1900, exatamente a época onde tudo aconteceu, desde seu sucesso estrondoso até sua morte no exílio obscuro em um hotel de terceira categoria em Paris, após sua prisão –, este volume não fala por si, mas deixa que Wilde fale. São sua inúmeras cartas, entre elas a versão integral daquela que ficou conhecida como De profundis, que pontuam as páginas de Sempre seu, Oscar, como uma autobiografia epistolar na qual podemos ainda ouvir a voz aveludada de seu autor, tanto disparando ironias quanto tentando ainda se manter de pé, por mais que não houvesse mais chão. Melhor do que ler sobre um autor, é saber o que se passava por sua cabeça e por sua alma em determinados momentos de sua vida. Ao lermos as cartas de Wilde temos uma dimensão completa não só do artista, mas do homem. Há sangue correndo nas veias destas cartas. Isso, biografia nenhuma oferece.

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