Livro - Cultura e educação
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Ninguém fala contra o papel que a cultura pode representar no desenvolvimento humano e econômico. Não mais. No entanto, assim como as Humanidades são a alma declarada da universidade sem que se invistam nesse campo os mesmos recursos que vão para as outras áreas, do mesmo modo no ensino em geral a atenção, o espaço e o dinheiro colocados na cultura nem de longe se coadunam com a retórica difundida. Este livro discute as possibilidades de regeneração da cultura num processo que deve ser de real educação e não de mero treinamento.  A GRANDE FALHA A educação no Brasil é largamente desculturalizada. Em outras palavras, educação e cultura correm por caminhos distintos. Quando estudos comparativos mostram que, no Brasil, é baixíssima a capacidade de entendimento de um texto lido (o país ficou em último lugar entre 31 participantes, incluindo vários da América Latina, num estudo do Pisa de 2000), fica claro que algo falta no processo de ensino. E muito. No Brasil como em tantos outros lugares. Mas, de qual educação culturalizada se trata? Quais seus componentes? O que define um “cidadão educado” e um “cidadão culturalmente educado”? E quando diante do menor problema orçamentário cortam-se do currículo as horas dedicadas à arte, à música, ao desenho, que quadro culturalmente educativo sobrevive? Diante das novas tecnologias, o que privilegiar? E quando se avalia o processo, quem é avaliado: aquele que transmite a informação ou aquele que a recebe? Quais as relações entre as políticas culturais e as políticas educativas? Podem, uma e outra, lograr seus objetivos isoladamente, sem estabelecer espaços de colaboração? Como aumentar o impacto das políticas educativas e culturais? Estas são perguntas de difícil resposta. Tanto que muitas vezes sequer são feitas. Mas, aqui elas são enfrentadas. As dúvidas são muitas, diante de algumas certezas firmes: por exemplo, que na maior parte do tempo professores que são culturalmente do século XX lidam com estudantes culturalmente do século XXI com conteúdos culturais do século XIX e anteriores. A fratura assim criada é enorme, o desconforto dos professores é evidente e o dos estudantes, ainda maior. Especialistas de diferentes países trazem aqui suas reflexões e experiências para uma discussão que precisa ser constantemente refeita. Abaixo da superfície de uma já evidente intranquilidade corre uma falha, para recorrer a um termo da geologia, que aumenta sempre mais a instabilidade do processo cultural como um todo. A reconfiguração do sistema é uma óbvia necessidade. Teixeira Coelho

Ficha Técnica