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Livro - Os Desterrados
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Informações do Produto
“Quiroga é o contista do homem em situações extremas: a morte, a loucura, a crueldade, o medo são temas constantes da sua obra. (...) O mais importante, porém, é verificar como Quiroga inova na própria técnica de construção da narrativa, ensaiando caminhos mais tarde decisivos para as tendências mais radicais da ficção hispano-americana.”
Davi Arrigucci Jr.
“Ninguém escreveu por estas terras melhores contos, de humildes e humilhados, também de vítimas e de vitimários. (…) Horacio Quiroga é um dos criadores do Rio da Prata que não foi valorizado ainda como merece. A técnica de seu conto é perfeita. Sua vida foi a do verdadeiro artista, fiel a sua condição, dramaticamente solitária.”
Enrique Amorim
“Em 1926 é publicado Os desterrados, o melhor livro, o mais homogêneo, de Quiroga. (...) Essa série de relatos que culmina com o volume magistral de Os desterrados encerra sua obra mais profunda de narrador: o momento em que a fria objetividade do começo, aprendida em Maupassant, ensaiada de Kipling, cede lugar a uma visão mais profunda e nem por isso menos objetiva.”
Emir Rodríguez Monegal
“Entre os escritores argentinos se destaca Horacio Quiroga por uma obra copiosa de ficção, reveladora não só de um grande talento de narrador como de uma sólida cultura, servida por qualidades de bom gosto, arte e imaginação.”
Monteiro Lobato
Os desterrados é o livro mais importante do contista uruguaio Horacio Quiroga (1878-1937). Publicado inicialmente em 1926, é considerado pela crítica como o auge de sua carreira literária. Todos os contos nele reunidos se passam na selva de Misiones, na região da Tríplice Fronteira entre Brasil, Argentina e Paraguai, nos primeiros anos do século 20. Seus personagens são migrantes europeus que fugiram da Primeira Guerra Mundial e que foram terminar seus dias nas então recém-descobertas ruínas das Missões Jesuíticas, próximas ao povoado de San Ignacio, às margens do imponente Rio Paraná. Esses ex-sábios ou ex-homens, como a eles se refere o narrador, presenciam ou interagem com os moradores locais, indígenas guaranis semi-aculturados, peões brasileiros, ambos explorados pelas madeireiras e pelos plantadores de mate da região. Nessa mescla multicultural, numa região fronteiriça e à margem do Estado, onde ninguém está em seu lugar, onde não há lugar para estar, todos se curvam aos excessos: da exploração do trabalho, da natureza selvagem e inóspita, da violência, da embriaguez e do próprio intelecto. Em Os Desterrados, Horacio Quiroga coloca em prática o que aprendeu de contistas como Edgar Allan Poe, Anton Tchékhov, Rudyard Kipling e Guy de Maupassant. Porém, o faz em cenário próprio, com personagens únicos. Quiroga cria para o leitor urbano uma região da literatura chamada Misiones, verdadeira terra de ninguém. Isso se nota inclusive pelo modo de falar de seus personagens, como os personagens brasileiros do conto que dá título ao livro, e que se expressam num portunhol, que a tradução brasileira manteve. Horacio Quiroga, enfim, conjuga forma e conteúdo e torna-se insuperável em tornar visível o complexo ambiente selvagem, em revelar seus personagens, em suas aflições, lutas, paixões e singularidades. Os Desterrados é leitura obrigatória a quem se interessa por literatura e história latino-americana, e é pela primeira vez traduzido e publicado no Brasil, depois de quase um século de sua primeira publicação. A capa desta edição, a cargo de Eder Cardoso, é uma homenagem à primeira publicação do conto “Os Desterrados”, na revista argentina Caras y Caretas, de 4 de julho de 1925. Naquela ocasião, o conto chamava-se ainda “Los proscriptos” e foi ilustrado a bico de pena pelo artista catalão Luis Fernando Macaya (1888-1953), também ele um desterrado. A atual capa reproduz uma de suas obras daquela edição.
Wilson Alves-Bezerra