Livro - Singularidade está próxima quando os humanos transcendem a biologia
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Livro - Singularidade está próxima quando os humanos transcendem a biologia
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“Este livro oferece três coisas que dele farão um documento seminal: 1) apresenta uma ideia ainda não suficientemente conhecida; 2) essa ideia é a maior em que se possa pensar: a Singularidade, quando todas as transformações do último milhão de anos serão superadas pelas mudanças que ocorrerão nos próximos quinze minutos; e 3) trata-se de uma ideia que exige uma recepção bem informada. As teses deste livro vêm com tantas notas de rodapé e gráficos, são tão argumentadas em seus mínimos detalhes, que requerem uma atenção equivalente. No entanto, suas afirmações são tão ultrajantes que, se verdadeiras, significarão... bem... o fim do mundo como o conhecemos e o começo da utopia.”
Kevin Kelly, fundador da revista Wired.
 
Ray Kurzweil (n. 1948) é cientista da computação, inventor e aquilo que a terminologia atual, ignara dos usos consolidados desse termo, designa como “futurista”. Empresário bem sucedido, ostenta significativa lista de patentes: o primeiro scanner “plano” para impressoras de mesa; o primeiro dispositivo de reconhecimento visual; o primeiro dispositivo de reconhecimento de voz, hoje popularizado por recursos como Siri e Alexa. Autor de best-sellers, recebeu vários títulos de doutor honoris causa por diferentes universidades.
Sua tese é que na primeira metade deste século XXI a inteligência artificial superará, de longe, a humana — e a singularidade terá acontecido. Essa inteligência superior será indistinguível da humana: conversando (sem aspas) com um interlocutor situado no lado de lá de uma parede, um humano não saberá se fala com outro humano ou com uma máquina.
As consequências desse desenvolvimento exponencial da computação são aterrorizantes ou significarão o paraíso na terra, conforme a perspectiva. Kurzweil é, claro, um “integrado”: tudo que resultar da cultura computacional será positivo — como a abolição da morte. Os “apocalípticos” falam em caos e sujeição do ser humano à máquina. Como indica o subtítulo deste livro, Kurzweil prevê o momento em que a humanidade superará as limitações da biologia: ser humano e máquina comporão uma mesma entidade na qual, é legítimo supor, o maquínico será cada vez mais potente e eliminará o que nessa entidade antes havia de humano. Um novo conceito de ser humano surgiria. Para Kurzweil, o resultado será apenas uma nova forma de humanidade. Se a teoria da evolução estiver correta, não há motivo, ele argumenta, para considerar o atual estágio do ser humano como último e definitivo. A utopia positiva (até hoje, uma contradição nos termos: as utopias sempre foram negativas mesmo quando se achavam positivas) pintada por Kurzweil encontra diversos tipos de opositores, entre eles E. M. Forster em seu A máquina parou, publicado nesta mesma coleção.
A leitura deste livro, com sua ampla e argumentada antevisão do que pode ser a cultura computacional, a ninguém deixa indiferente.
 
Teixeira Coelho