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Livro - Art Déco no Brasil
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Desde a primeira aquisição no início dos anos 1970, a coleção de art déco brasileiro de Fulvia e Adolpho Leirner foi pensada para ambientar sua própria residência, como contraparte da outra coleção do casal, de arte construtiva. Quase 50 anos depois, tornou-se um dos principais registros do período em que germinou o modernismo brasileiro. Já dominante no velho mundo, a estética art déco aportou por aqui na bagagem de artistas imigrantes – Gregori Warchavchik, Lasar Segall, Antelo Del Debbio, John Graz, entre outros – e de nomes nacionais que visitavam o velho continente, como Tarsila do Amaral, Vicente do Rego Monteiro, Di Cavalcanti, Anita Malfatti, Ismael Nery, Antonio Gomide, Regina Gomide Graz e Flávio de Carvalho, todos presentes no acervo dos Leirner. Com autoria de Ana Paula Simioni (IEB-USP) e Luciano Migliaccio (FAU-USP), o livro analisa obra a obra da coleção, repassando, a partir do que sobressai em cada item, os diversos aspectos artísticos do período. Cada obra vem acompanhada também de seu percurso em exposições e publicações. Além de ser um documento sem precedentes sobre o período, o livro demonstra a relevância da atuação do casal como colecionadores e rememora a formação do mercado de artes no Brasil.“A Coleção Fulvia e Adolpho Leirner não apenas possui e conserva obras de valor histórico, mas ela própria é parte constitutiva da história da arte moderna no Brasil, tendo contribuído com exposições que suscitaram debates e reavaliações sobre esse momento da arte brasileira. Para compreender isso é preciso recuar um pouco no tempo. A década de 1970 assinalou uma importante etapa na maturidade do campo artístico no Brasil, em especial em São Paulo, por meio da consolidação de um mercado de arte. Multiplicaram-se os leilões comerciais e galerias, bem como despontaram alguns marchands. Num claro sinal de que a arte se tornava uma mercadoria valiosa, os bancos abriram linhas de crédito especiais para sua aquisição. A euforia do mercado artístico era contemporânea ao milagre econômico.” (…) “Compreender a lógica que perpassa a coleção, o princípio norteador de cada aquisição, de cada obra em particular, requer debruçar-se sobre as disputas em torno da definição de arte moderna, das quais os colecionadores participam com uma posição consciente e bastante original para o meio local.”