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Livro - Rod, a autobiografia
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O cantor, compositor e astro do rock Rod Stewart, em 68 anos de vida, colecionou alguns números bastante expressivos: são 4 décadas de rock, 3 casamentos, 8 filhos, 16 vídeos mostrados pela MTV no dia da estreia do canal, mais de 200 milhões de discos vendidos e o recorde mundial da maior plateia de todos os tempos em um concerto de rock – 3,5 milhões de pessoas na praia de Copacabana em 1994 – registrado no Guiness Book. Sem falar nas inúmeras experiências pitorescas que tem para contar. Tudo isso ele reúne em Rod - A autobiografia, que mistura suas muitas histórias curiosas com o humor característico de Stewart.
Com um misto de despretensão, bom humor e absoluto desapego à autocensura, tom narrativo que talvez explique o sucesso mundial de Rod - A autobiografia, o artista conhecido pela extrema vaidade (um dos capítulos do livro descreve em minúcias a "construção" de seu característico penteado) surpreende pela transparência e despudor com que revela sua história ao grande público.
São quase 400 páginas, incluindo 32 cheias de fotografias pessoais, que contam, da infância humilde em Londres até os dias atuais, a trajetória de Stewart. O vocalista de timbre rouco não perde tempo glorificando o próprio mito, nem sonega nenhuma informação importante – como a decisão de dar sua primeira filha à adoção ou o abuso de drogas, incluindo o uso que fez de cocaína por meio de supositórios, a fim de preservar suas vias nasais e a voz.
Outros aspectos embaraçosos da vida pessoal anterior à fama ou da vida pública já como artista consagrado (como o célebre caso de seu maior sucesso, Da ya think I'm sexy?, admitido como "plágio inconsciente" de Taj Mahal, de Jorge Ben Jor) são abordados sem rodeios. Stewart reconhece responsabilidades, explica as circunstâncias de seus atos e escolhas, mas não busca expiar culpas.
Além de desmentir várias lendas correntes a seu respeito (entre elas, a de que já foi coveiro e jogador de futebol profissional), o roqueiro lembra-se de como conheceu o guitarrista Jimi Hendrix, de sua parceria com Jeff Beck (com quem tocou no Jeff Beck Group, como teve de fugir de uma insistente Janis Joplin nos bastidores de uma turnê pelos Estados Unidos, sua amizade com Ronnie Wood, do Rolling Stones, e também com Elton John e Freddie Mercury, com quem chegou a pensar em montar uma banda (que se chamaria Nose, Teeth and Hair, lembrando as características físicas mais marcantes dos três artistas. Segundo ele, estranhamente, o projeto nunca vingou). Sua vida pessoal, os três casamentos e o relacionamento com os muitos filhos, também fazem parte da história que ele desnuda em Rod – a autobiografia.
Stewart também confessa que tem menos medo de envelhecer do que de enfrentar o fim da carreira – e se admite esperançoso de ter o bom senso de parar antes de entrar na espiral de decadência que o levaria a se apresentar para plateias cada vez menores. Pelo menos por enquanto, esses temores (da morte e do fim da carreira) parecem distantes. Aos 68 anos, e depois de ter enfrentado um câncer de tireoide que pôs em risco suas cordas vocais, Stewart ainda tem vigor suficiente para, uma vez por semana, atuar como lateral-direito do time amador Fram, de Los Angeles, e para ter lançado, no começo de 2013, seu 27º álbum de estúdio, Time, o primeiro autoral em vinte anos.