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Livro - A verdadeira Jane Austen
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"Uma Jane Austen como nunca se viu
A imagem que se tem de Jane Austen (1775-1817), a romancista britânica a quem devemos Orgulho e preconceito e outras obras, é a da comportada filha de um reverendo, que viveu pacatamente no interior da Inglaterra, no seio da família, fazendo observações sobre os moradores da região. Colaboram para isso suas protagonistas serem jovens mulheres às voltas com a necessidade de arranjar um marido e a própria autora nunca ter se casado.
O fato de Austen ter vivido predominantemente no campo, de a maior parte de sua correspondência ter se perdido e de serem escassas as fontes de informação a seu respeito faz com que pouco se saiba sobre ela, a não ser o que seus próprios familiares escreveram e divulgaram após sua morte. Há lacunas enormes em sua biografia.
Neste volume, Paula Byrne nos fornece o retrato mais íntimo e revelador disponível sobre a romancista. Em cada capítulo, a renomada biógrafa britânica explora objetos de alguma forma ligados à vida e à obra da autora – como um cheque pago por uma editora a Jane “Austin” – a fim de iluminar a criadora de obras que, mais de duzentos anos depois, não cessam de encantar e significar.
O que emerge dessas páginas é uma personalidade muito mais complexa e instigante do que a de uma solteirona afeita ao bordado. Vemos possivelmente uma criança prodígio (“como Mozart”), uma mulher que viajou mais do que se costuma acreditar, alguém com consciência política e social (inclusive sobre tópicos espinhosos, como a condenação do tráfico de escravos), uma mente à frente de seu tempo, enfim, que preferiu – diferentemente de suas personagens – não experimentar o casamento, mas escolheu uma existência dedicada à literatura. Conhecemos a história de sua família (o próprio reverendo Austen fora uma criança negligenciada e logo órfã, o que talvez explique ter se tornado um pai amoroso) e passamos a enxergar, tal como num filme de época, a sociedade e o tempo em que a escritora viveu, e que a forjaram.
Finalmente, uma biografia à altura da biografada e da revolução que esta representou e representa, não só na literatura, mas na cultura ocidental; que a aproxima de uma linhagem que pode incluir Virginia Woolf, Simone de Beauvoir, Anne Frank e Malala, e outras mulheres que se utilizaram da pena para falar de um mundo eminentemente masculino."