Livro - Agricultura Urbana
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Ampliada pela pandemia de Covid-19, a insegurança alimentar que atinge milhões de brasileiros vem mobilizando debates e iniciativas em todo o país. É nesse contexto, em que se discute a quantidade e a qualidade de alimentos para a população, que a Editora Fiocruz lança Agricultura Urbana: agroecologia, alimentação, saúde e bem-estar. Integrante da coleção Temas em Saúde, a obra estará disponível para aquisição a partir de 20 de outubro, nos formatos impresso – via Livraria Virtual da Editora – e digital, por meio da plataforma SciELO Livros. Escrito por Angélica Campos Nakamura e Guilherme Reis Ranieri, o título apresenta uma série de abordagens de diferentes áreas para apresentar as potencialidades da agricultura urbana agroecológica e como ela se relaciona com a saúde e o bem-estar. Os autores buscam mostrar, de forma didática, como assuntos diversos se relacionam com a agricultura urbana e quais são seus usos e práticas. Segundo Ranieri, o cenário de pandemia gerou uma necessidade ainda maior de se discutir os usos e práticas da agricultura urbana, conceito ligado à autonomia alimentar e à alimentação saudável e acessível. "Especialmente agora, durante a crise, em que os alimentos estão cada vez mais caros e o poder aquisitivo das pessoas está caindo, a primeira coisa que é cortada da alimentação são frutas, legumes e verduras, alimentos que sabemos que são os principais responsáveis por nos fornecer fibras, vitaminas e minerais. Muitas áreas ociosas das cidades poderiam garantir não só renda, mas também acesso a esses alimentos", analisa o gestor ambiental.       Os dois pesquisadores, doutorandos na Universidade de São Paulo (USP), mostram que a agricultura pode ser algo muito mais próximo das pessoas e que é possível pensar um pouco além de dualidades já tradicionais, como campo x cidade e rural x urbano. "Embora esses espaços sejam definidos e tenham suas características próprias, isso não significa que eles não se cruzem e seus elementos não estejam presentes em um e em outro", explicam, no texto de apresentação da obra. O livro analisa ainda como os espaços para o desenvolvimento da agricultura urbana despertam cada vez mais interesse por parte do poder público e da sociedade civil. Um exemplo disso são as hortas, que "também são espaços verdes abertos", como afirma Ranieri. "São espaços muito interessantes para a socialização, para o lazer, para a prática de educação física. Especialmente agora, durante a pandemia, foi possível perceber a importância desses locais, tanto para a convivência quanto para a saúde física e a saúde mental", complementa. Para Angélica Nakamura, o acesso a esses espaços é fundamental para a população em geral. "Nós entendemos que, para as pessoas terem qualidade de vida, elas precisam viver em um ambiente em que o social, o econômico e o ambiental sejam saudáveis", ressalta a geógrafa. Para fortalecer a importância dessas condições, ela lembra que a obra dialoga com diversos autores, pesquisadores e abordagens. Nakamura e Ranieri evidenciam, a partir de seus estudos, que a agricultura urbana - aliada ao conceito do direito à cidade - é discutida em várias parte do mundo. "É importante destacar a importância do estudo e da prática da AU [agricultura urbana] para a saúde planetária. A interdisciplinaridade e a transversalidade da AU permitem que diferentes setores e instâncias da política, comunidade científica e sociedade possam colaborar neste projeto, vindo ao encontro de esforços que buscam um desenvolvimento sustentável com saúde, bem-estar e qualidade de vida para todos", ressaltam os autores, nas considerações finais. Livro apresenta dicas para quem quer começar uma horta O volume é dividido em quatro capítulos, que agregam temáticas como os conceitos de agricultura e agroecologia, os vários tipos de agriculturas urbanas, questões socioespaciais, econômicas e ambientais nas cidades, além de dicas e ferramentas para desenvolver a agricultura urbana na prática. Dicas para iniciar e manter uma horta nos mais diversos locais, incluindo pequenos espaços, também são apresentadas, assim como as principais plantas alimentícias não convencionais (Pancs). Os chamados alimentos orgânicos, a economia solidária, os principais impactos da agricultura convencional, além da relação entre hortas e políticas de promoção da saúde, são algumas das outras questões abordadas no título. A importância da agricultura na promoção da qualidade de vida também é um tópico fundamental. "Mesmo que uma determinada comunidade não se envolva nas atividades da horta ou não se alimente da sua produção, ela será indiretamente beneficiada pela sua proximidade. As áreas verdes urbanas são reconhecidas como um equipamento público de grande impacto nas redondezas, no que tange à saúde física e mental dos moradores", afirmam.

Ficha Técnica